6 de abr. de 2012

História da Semana - Jogos Olímpicos de Verão

Hoje, 6 de abril, foi a data dos primeiros jogos olímpicos de verão em Atenas (só que no ano de 1896).


Os Jogos Olímpicos de Verão de 1896, oficialmente conhecidos como Jogos da I Olimpíada, foram os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, realizados em Atenas, Grécia, berço dos Jogos da Antiguidade, entre os dias 6 e 15 de abril de 1896, com a participação de 241 atletas masculinos, representantes de catorze países. O evento realizou-se graças ao empenho visionário do francês Pierre de Frédy, o Barão de Coubertin, idealizador do renascimento dos Jogos existentes na Grécia Antiga, mentor do movimento olímpico e fundador do Comitê Olímpico Internacional.
Sem qualquer experiência na organização de semelhante evento, os organizadores dos primeiros Jogos quase arruinaram a própria competição graças a uma diversidade de datas, pois os gregos utilizavam o antigo calendário juliano na época, paralelo ao convencional usado pela civilização ocidental, fazendo com que ocorresse uma diferença de doze dias entre ambos, o que atrapalhou a inauguração dos Jogos e a chegada dos atletas dos diversos pontos do planeta. Nos registros onde foi utilizado o calendário juliano os Jogos realizaram-se entre 25 de março e 3 de abril de 1896.
A cerimônia de inauguração acabou acontecendo numa segunda-feira de Páscoa, com o discurso de abertura proferido diante de cem mil espectadores pelo próprio rei da Grécia, Jorge I, após a inauguração de uma estátua – que existe até os dias de hoje – em homenagem ao rico financista ateniense George Averoff na entrada do Estádio Panathinaiko, principal palco das competições e uma maravilha arquitetônica toda em mármore. Averoff foi o responsável pela restauração e modernização do estádio e financiador da organização do evento, e que impediu seu cancelamento antes mesmo de iniciado, devido às penosas condições do cenário real grego.
Nove modalidades esportivas foram disputadas: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica, halterofilismo, luta, natação, tênis e tiro.

As notícias do retorno dos Jogos Olímpicos à Grécia foram recebidas favoravelmente pelo povo grego, mídia e família real. Segundo Coubertin, "o rei Jorge e o príncipe Constantino souberam, com grande prazer, que os Jogos seriam inaugurados em Atenas, confirmando seu patrocínio para a realização desses jogos". Constantino depois fez mais do que isso, assumindo entusiasticamente a presidência da comissão organizadora.[15]
No entanto, o país experimentava dificuldades financeiras e estava em turbulência política. O cargo de primeiro-ministro alternou várias vezes entre Charilaos Trikoupis e Theodoros Deligiannis durante os últimos anos do século XIX. Por causa desta instabilidade financeira e política, tanto o primeiro-ministro Trikoupis e Stephanos Dragoumis, o presidente do Comitê Olímpico Zappas, que tentara organizar uma série de olimpíadas nacionais, acreditavam que a Grécia não poderia sediar o evento.[16] No final de 1894 a comissão organizadora, liderada por Stephanos Skouloudis, apresentou um relatório informando que o custo dos Jogos seria três vezes superior ao inicialmente estimado por Coubertin. Concluíram que os Jogos não poderiam ser realizados, e ofereceram sua renúncia. O custo total dos Jogos foi 3.740.000 dracmas (cerca de US$ 448,000).[17]
Com a perspectiva de reviver os Jogos Olímpicos seriamente ameaçada, Coubertin e Vikelas iniciaram uma campanha para manter vivo o movimento olímpico. Seus esforços culminaram no dia 7 de janeiro de 1895, quando Vikelas anunciou que o príncipe herdeiro Constantino assumiria a presidência da comissão organizadora. Sua primeira responsabilidade foi levantar os fundos necessários para sediar os Jogos. Ele invocou o patriotismo do povo grego para motivá-los a fornecer os recursos financeiros.[18] O entusiasmo de Constantino desencadeou uma onda de contribuições do povo grego, e o esforço coletivo levantou 330.000 dracmas. Foi encomendada uma edição especial de selos postais, cuja venda levantou 400.000 dracmas. As vendas de ingressos adicionaram mais 200.000 dracmas. A pedido de Constantino, o empresário George Averoff concordou em pagar a restauração do Estádio Panathinaiko. Averoff doaria cerca de um milhão de dracmas a este projeto.[19] Como um tributo à sua generosidade, uma estátua de Averoff foi construída e inaugurada em 5 de abril de 1896, fora do estádio, onde permanece até hoje.[20]
Alguns dos atletas que participaram dos Jogos o fizeram porque já se encontravam em Atenas na época em que os jogos foram realizados, de férias ou a trabalho (por exemplo, alguns dos concorrentes britânicos trabalhavam para a embaixada britânica). A Vila Olímpica projetada para os atletas só foi construída para os Jogos Olímpicos de Verão de 1932. Consequentemente, os atletas tiveram de providenciar seus próprios alojamentos.[21]
O primeiro regulamento votado pelo COI em 1894 permitia que apenas atletas amadores participassem dos Jogos Olímpicos.[nota 1] As várias disputas foram efetuadas sob regulamentos amadores, com exceção das competições de esgrima.[nota 2] Em 1870, durante os Jogos Olímpicos Zappianos, Philippos Ioannou, um acadêmico e professor classicista, criticou os jogos e atacou o ideal de amadorismo sob a alegação de que seriam uma paródia, já que apenas pessoas das classes proletárias haviam participado dos jogos. Ioannou sugeriu que apenas jovens das classes altas deveriam ser aceitos na Olimpíada seguinte.[23] As normas e regulamentos não eram uniformes, tendo a Comissão Organizadora que escolher entre os códigos das várias associações nacionais de atletismo. O júri, os árbitros e o diretor de jogo receberam os mesmos nomes que na antiguidade (Éforos, Helanódicos e Alitarca). O Príncipe Jorge da Grécia atuou como árbitro final e, de acordo com Coubertin, "sua presença deu peso e autoridade para as decisões dos éforos."[24]


Em 6 de abril (25 de março de acordo com o calendário juliano, então em uso na Grécia), os jogos da Primeira Olimpíada foram oficialmente abertos. Era uma segunda-feira de Páscoa, tanto para o Cristianismo ocidental quanto para a Igreja Ortodoxa e aniversário da independência da Grécia.[25] O Estádio Panathinaiko recebeu um número estimado de oitenta mil espectadores, incluindo o rei Jorge, sua esposa Olga, e seus filhos. A maioria dos atletas concorrentes estavam alinhados no campo interno, agrupados por país. Após um discurso do presidente do comitê organizador, o príncipe Constantino, o rei abriu oficialmente os Jogos:[26]

Cquote1.svgDeclaro abertos os primeiros Jogos Olímpicos Internacionais em Atenas. Vida longa à nação. Vida longa ao povo grego.Cquote2.svg
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Posteriormente, nove bandas e 150 cantores de coral cantaram o hino olímpico, composto por Spyridon Samaras, com palavras do poeta Kostis Palamas. A partir de então, uma variedade de temas musicais foram usados de fundo para as cerimônias de abertura até os Jogos de Roma, em 1960, quando a composição de Samaras/Palamas se tornou o hino olímpico oficial (decisão tomada em sessão do COI em 1958). Outros elementos das cerimônias de abertura atuais dos Jogos Olímpicos foram introduzidas depois: a chama olímpica foi acesa nos Jogos de 1928, em Amsterdã, o primeiro juramento dos atletas só foi entoado nos Jogos de 1920, na cidade de Antuérpia, o juramento dos oficiais fez sua estreia nos Jogos de 1972, em Munique.[26]


Na manhã de domingo, 12 de abril, o rei Jorge I organizou um banquete para os funcionários e atletas (mesmo com algumas competições ainda não realizadas). Durante seu discurso, ele deixou claro que, em sua opinião, os Jogos Olímpicos deveriam ser realizados permanentemente em Atenas. A cerimônia oficial de encerramento foi realizada na quarta-feira seguinte, depois de ter sido adiada de terça-feira devido à chuva. Novamente a família real assistiu à cerimônia, que foi aberta com o hino nacional da Grécia e um hino composto na língua grega antiga por George S. Robertson, um atleta britânico e estudioso.[41]
Na continuidade, o rei entregou os prêmios aos vencedores. Ao contrário de hoje, os primeiros colocados receberam medalhas de prata, um ramo de oliveira e um diploma. Os atletas que ficaram em segundo lugar receberam medalhas de cobre, um ramo de louros e um diploma. Vencedores do terceiro lugar não receberam medalhas. As medalhas foram desenhadas pelo escultor francês Jules Chaplain e os diplomas pelo pintor grego Nikolaos Gyzis. Todos os atletas participantes receberam adicionalmente uma medalha comemorativa desenhada pelo artista grego Nikephoros Lytra. Alguns vencedores também receberam prêmios adicionais, tais como Spiridon Louis, que recebeu uma taça de Michel Bréal, um amigo de Coubertin, que concebeu a maratona. Louis, em seguida, liderou os medalhistas em uma volta de honra ao redor do estádio, enquanto o hino olímpico foi cantado novamente. O rei então anunciou formalmente que a primeira Olimpíada havia chegado ao fim, e deixou o estádio, enquanto a banda tocava o hino nacional grego e a multidão o aplaudia.[41]
Tal como o rei grego, muitos outros apoiaram a ideia de realizar os próximos Jogos em Atenas; a maioria dos competidores americanos assinaram uma carta para o príncipe herdeiro manifestando esse desejo. Coubertin, entretanto, era fortemente contrário a essa ideia, mantendo a rotação internacional como um dos pilares dos Jogos Olímpicos modernos. De acordo com seu desejo, os jogos seguintes foram realizadas em Paris, embora eles seriam um pouco ofuscados pela simultânea realização da Exposição Universal.[42]



By: Rafaela

Mais informações em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Ver%C3%A3o_de_1896

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